Recentemente um leitor perguntou-me se seria uma boa comprar opções, estes fascinantes derivativos.
Como tudo na bolsa, se você souber o que está fazendo, claro que pode ser. O problema é que em se tratando de opções mesmo gente que se considera experiente acaba fazendo cag…, digo, acaba errando feio.
Antes de mais nada, você precisa saber o que é uma opção.
Segundo o dicionário da Bovespa:
Instrumento financeiro que confere a seu titular o direito de comprar ou vender um ativo-objeto a um preço determinado. Para o lançador da opção, ao direito do titular se opõe uma obrigação futura, caso esse direito seja exercido pelo titular.
Não entendi nada!!!!
Simplificando.
Uma opção de venda é o direito de vender determinada ação a determinado preço em determinada data.
Uma opção de compra é o direito de comprar determinada ação a determinado preço em determinada data.
A data: atualmente é a terceira segunda-feira de todo mês.
Ao adquirir uma opcão você adquire um direito. Como direito, você pode exercê-la ou não. Esse direito tem data de validade.
No entanto, quem criou esse direito – o lançador – tem obrigação de cumpri-lo. Tem a obrigação de comprar caso tenha lançado opções de venda e obrigação de vender caso tenha lançado opções de compra.
Isso se quem comprou o direito queira realmente exercê-lo.
Mas por que eu não exerceria um direito?
Digamos que você tenha comprado 100 VALEG42 (G é a sétima letra, equivalente ao sétimo mês do ano e 42 é o preço (R$ 42) a que você tem direito a comprar a ação VALE5 na terceira segunda-feira do sétimo mês do ano).
Eis que chega o dia 21 de julho de 2008. E a VALE5 está cotada a R$ 40.
Por que diabo você exerceria o direito de comprar a VALE5 a R$ 42 se pode comprá-la a R$ 40?
Quando as mer…, digo, os erros acontecem
Os erros acontecem quando você não sabe o que está fazendo. Até mesmo atravessar a rua pode ser perigoso em um caso desses.
Uma pessoa inexperiente pode ficar imediatamente seduzida pelo mercado de opções ao ver o gráfico de uma.
Valorizações em um dia de 100%, 200%… quando a Petrobras descobriu aquela reserva enorme relatou-se valorizações de 1400%. Em alguns casos, mais. Imagine: às 10h você investe R$ 10 mil e, às 13h você tem R$ 150 mil.
A questão é a seguinte:
- A flutuação do preço de uma opção também é grande para baixo
- Quanto mais perto da data do vencimento (lembra da terceira segunda-feira do mês?) e mais longe do preço de exercício estiver a opção (abaixo do preço de exercício, no caso da opção de compra), menores são as chances de ela voltar a se valorizar
E, finalmente, quando chega o dia do exercício, e a opção de compra continua acima do preço de mercado da ação a que ela corresponde, ela passa a valer nada. Como dizem na gíria, virou pó.
Assim, os seus R$ 10 mil economizados desde os 12 anos de idade transformaram-se em nada.
Quanto costuma valer uma opção
Isto que eu vou dizer agora não é exato – depende de fatores como o tempo que falta para o vencimento, a distância para o preço de exercício, se o preço de mercado está acima ou abaixo desse preço e se a tendência é de queda ou de alta.
Mas se o preço de mercado da ação a que ela corresponde está acima do preço de exercício, o preço da opção tende a ser a diferença entre esses dois valores.
Isso explica muita coisa.
Por que opções flutuam tanto?
Mantendo o exemplo acima, digamos que você realmente tenha comprado 100 VALEG42 hoje. Hipoteticamente, hoje a VALE5 estava R$ 43 (isto é só um exemplo). É possível então que você tenha pago algo como R$ 1 por opção (R$ 43 menos R$ 42, que é o preço de exercício da VALEG42). Em determinado momento do dia, a VALE5 passou a valer R$ 44. Automaticamente as suas 100 opções passaram a valer R$ 2 (R$ 44 menos R$ 42, que é o preço de exercício da VALEG42) cada uma. Você tinha R$ 100 nos derivativos e, num passe de mágica, passou a ter R$ 200 caso venda nesse instante estas opções. Uma valorização de 100%.
Quero lembrar que esse é um exemplo didático bem grosso modo, mas acho que já dá para dar uma idéia de como a coisa funciona.
Mais uma vez: é importante saber que os preços das opções também têm esse tipo de flutuação para baixo.
E nunca é demais lembrar: quando você investe em ações – principalmente em blue chips – você tem possibilidades mínimas de “perder tudo na bolsa”.
Mas em opções essa possibilidade de perder tudo é efetiva.
Em artigos futuros, em breve, falarei de maneiras mais seguras de usar as opções para proteger os seus investimentos.
Se você quer ir em frente antes que eu comece a falar sobre o tema mais profundamente, indico os seguintes artigos do Como Comprar Meias:
Lembrando também da liquidez de uma opção, que pode ser baixa e te deixar com um mico na mão…
Até!
Bem lembrado, Xico.