Série Crise de 2008 (parte 2): Crise ou Crash 2008?

Esta série é foi escrita pelo psiquiatra Fernando César, editor dos blogs FTudo e Minha Padaria, para iniciantes na Bolsa de Valores.

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A história é por demais parecida para que evitemos usar o termo “crash”. Que os ministros da economia o evitem, entendemos, ele são políticos e querem se manter no poder, tentando fazer com que as pessoas pensem que tudo pode não passar de um desarranjo temporário. Que os corretores tendem vender a mesma idéia, é compreensível também: o ganha-pão deles depende disso.

Mas quem não tem nada a perder com o uso do termo pode usá-lo, caso se configure necessário. E parece ser o caso.

Em outubro de 2007, o Dow Jones chegou a cerca de 14200 pontos. No início de outubro de 2008, fechou abaixo de 9500. Uma queda de mais de 35%, boa parte desta em poucos dias (quase 20% em menos de um mês).

Em 19 de outubro de 1987, uma outra “Segunda-feira Negra”, a bolsa americana perdeu 22,6% em um só dia! E se recuperou ainda naquela semana. Ora, por que deveríamos nos apavorar, então, com uma queda de menos de 20% em uma quinzena? A diferença é que a queda de agora não é especulativa. Quando grandes bancos da maior economia mundial começam a quebrar, algo extremamente sério está ocorrendo.

Há causas óbvias em curso para o início de uma recessão na economia mundial, quiçá de uma depressão. O governo tenta apagar o incêndio salvando bancos – este volume absurdo de dinheiro é desviado de onde? Da guerra? Não, de investimentos, de crédito para as pessoas. Regras mais rígidas impedirão alavancagens (isto é, “investir com o que ainda não se tem”), e isto também enxuga a economia. Os investidores medianos e pequenos tomam um choque com as perdas súbitas do investido (muitos perderam o que levaram anos para ganhar – “anos”, aqui, não é figura de linguagem, Dow Jones chegou a índices de 2003). Bancos europeus começam a sentir os reflexos dos problemas americanos quase de imediato – o dinheiro não tem mais fronteiras. Empresários temem novas empreitadas – “E se a economia parar?”, eles pensam, cautelosamente. Etc.

A Bovespa perdeu quase 50% em cerca de 5 meses.

Se isto não é um crash, o que seria?! Em quase tudo, 2008 repete 1929. Anos anteriores de euforia. Um período prévio de instabilidade. Dias de quedas enormes, seguidos de dias de recuperação parcial. Ao longo das semanas, perdas astronômicas. Pânico, desorientação. Crise na maior economia mundial como pano-de-fundo.

Quebramos. Não vê ou não admite quem não quer.

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Série Crise de 2008 (parte 2): Crise ou Crash 2008?

3 comentários em “Série Crise de 2008 (parte 2): Crise ou Crash 2008?”

  1. Meus caros, certamente estamos passando por um período que exige muita cautela não só por parte dos bancos e investidores, mas também do cidadão comum que não tem interesse na bolsa de valores.
    Porém, artigos como este as vezes gera um pânico descessário na população, o que acaba por piorar a situação da crise.
    Dizer que “quebramos” não é o melhor incentivo para a população movimentar o comercio e a moeda! Isso só gera maior cautela e medo da população em investir, em comprar, enfim, em movimentar a economia.
    Eu sou extremamente leigo no assunto, porém do pouco que eu sei consegui tirar uma conclusão de que se nos trancarmos em casa com medo, segurando nosso dinheiro, esperando um milagre pra tudo se acalmar para voltarmos a movimentar nossas economias, isso só vai agravar a crise. Podemos (com cautela) continuar a investir, comprar sem medo, não tirar nosso dinheiro dos fundos ou poupanças, afinal, esses “bancos que quebraram” foram bancos de INVESTIMENTOS e não bancos comerciais, no Brasil nem temos bancos de investimentos que eu saiba, nosso dinheiro está seguro nas contas e poupanças!
    Deixo aqui um apelo aos blogueiros e todo pessoal interativo no ramo de comunicação:
    Mostremos os FATOS como eles são, porém lembremos que todos fazemos parte da mesma economia, já basta o sensacionalismo da mídia para assustar a população, vamos alertar mas principalmente esclarecer.

    Grato.

    A.J. – Júnio.

  2. A.J. JUNIO

    Concordo em gênero e número no que dissestes, esta é a mentalidade, alarmismo não adianta de nada, é hora de maturidade pois estamos no mesmo . Não vamos comer a galinha que nos dá aquele ovo todo dia porque dizem que amanha tudo acabará, pois lembrem-se que mesmo depois de 1929 conseguimos chegar bem a 2008 e assim o chegaremos em 2020. fé

  3. Ademir,

    como dizia Shakespeare:

    A vida é um conto narrado por um louco, cheio de som e fúria, significando nada.

    Tanto drama em 1929 e, no entanto, estamos aqui.

    O sol continua a nascer como se nada estivesse acontecendo.

    Abraços do Alessandro.

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